segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Edu Barbero


Não consigo resistir, a quantidade e a qualidade do trabalho de Edu Barbero, preciso publicar, mostrar, compartilhar.

A História das Coisas - Parte 2

A História das Coisas - Parte 1

Este filme é a melhor aula que já assisti sobre como funciona o sistema de consumo no planeta terra. Essa é a primeira parte de uma aula de 21 minutos do guru ambiental Annie Leonard explicando como funciona o sistema linear do capitalismo, e como isso prejudica o planeta.
Se você não viu, escolha um tempo tranquilo, deixe baixar todo o arquivo e assista essa aula que, com certeza, vai mudar sua maneira de entender a vida. Se já viu, assista novamente. Acabei de fazer isso e descobri novos detalhes importantes desta aula fantástica.

domingo, 29 de novembro de 2009

Concerto para Castanhola

Recebi hoje, da minha querida amiga Virginia, essa beleza de apresentação do Concerto Vocês Para a Paz – "Intermedio. La boda de Luís Alonso. J Gimenez. Lucero Tena" – que aconteceu no Auditório Nacional de Música de Madrid, no dia 10 de Junho de 2007. Deste conserto nasceu um projeto humanitário que vale a pena conhecer.
http://www.vocesparalapaz.com/

Um Pouco Mais da Arte de Edu Barbero


Veja que bonito a vida passando. A arte de Edu é delicada, bela e muito forte. Sua mensagem é clara, vai direto ao ponto. E, pelo pouco que vi, tem uma variedade de materiais, uma liberdade que faz a beleza plástica agir a favor de seus objetivos poéticos.
http://edubarbero.blog.com.es

sábado, 28 de novembro de 2009

Poesia & Arte


Hoje, andando pela net, encontrei o Blog do Edu Barbero que faz poesia visual. Fiquei encantado com os trabalhos, por isso, aqui vai uma amostra e o endereço para que possam saborear esse belo Blog.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

JIMI HENDRIX ETERNO


O riff de guitarra de "Voodoo child", canção de Jimi Hendrix gravada há 41 anos e parte do repertório do álbum "Electric Ladyland", foi eleito o melhor de todos os tempos, de acordo com uma eleição promovida pelo site "Music Radar", da qual participaram mais de cinco mil leitores.
"Sweet child o' mine", do Guns N' Roses, ficou em segundo lugar, seguida por "Whole lotta love", do Led Zeppelin. "Smoke on the water", do Deep Purple, e "Layla", do Derek and the Dominos (banda liderada por Eric Clapton no início dos anos 70), completam o top 5.
"Voodoo child" é um "indiscutível campeão dos pesos pesos pesados da guitarra", disse Mike Goldsmith, editor do site, sobre a música gravada em 1968 e relançada depois da morte de Hendrix, em 1970, quando chegou ao topo da parada.
Uma comparação entre as primeiras 20 posições da lista mostra que os riffs de canções mais antigas parecem ser mais populares — apenas duas músicas da última década apareceram entre o primeiro e vigésimo colocados: "Plug in baby", do Muse (em 11º), e "Seven nation army", do White Stripes (15º).
"Nossa eleição mostrou que, mesmo em 2009, o rock clássico ainda faz sucesso", disse o editor Goldsmith.
Matéria publicada no UOL - Música

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Santa do Pau Oco, Santa Paciência e Outros Santos


"TODOS OS SANTOS, DO SAGRADO AO PROFANO" é uma idéia prá lá de boa. Uma exposição que reúne pinturas realizadas por 28 artistas diferentes que criaram, cada um deles, um santo que não existe, mas pertinente à sua vida ou obra, isto é, um santo pessoal e intransferível
Cada artista preparou um pequeno texto, uma "oração" relacionada ao seu santo que podem ser lidas nas etiquetas das obras e nos "santinhos" que serão distriduídos gratuitamente na mostra
Também foram considerados pelos organizadores os santos que fazem parte do imaginário coletivo como a "Santa Paciência", a "Santa Ignorância", a "Santa do Pau Oco" e o "São Nunca"
Entre os artistas que participam da exposição estão Martha Lacerda, Zé Carratu, Ângelo Palumbo, Claudia Rey e Rui Amaral
"TODOS OS SANTOS, DO SAGRADO AO PROFANO" 
Onde: Casa de Portugal (av. Liberdade 602. Tel.:0/xx/11 3209-5554)
Quando: de segunda á sexta das 10h às 17h até o dia 06 de janeiro de 2010.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Terra Pede Socorro


Usina de Patnow, na Polônia (Foto: France Presse/Joe Klamar)
A produção de CO2 é 44% maior do que a natureza pode absorver. Nos últimos 10 anos, isto é, depois que entramos no século XXI, o impacto da ação dos homens sobre o meio ambiente aumentou 22%.
Os dados levantados em 100 países pela Global Footprint Network, de defesa do meio ambiente, indicam que a humanidade consome recursos e produz dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa, a um ritmo 44% maior do que a natureza pode produzir e absorver.
O estudo revela também uma crescente disparidade entre os países com relação ao impacto ecológico por habitante.
Em 1961, todo o planeta usava pouco mais da metade da biocapacidade da Terra. Agora, 80% dos países usam mais biocapacidade do que dispõem dentro de suas fronteiras. Importam recursos, esvaziam seus próprios estoques e enchem a atmosfera e os oceanos de CO2.
Agora, sabe o pior ou o "melhor" de tudo isso? A terrra não vai ficar pedindo socorro prá sempre. Vai chegar um momento que ela se acomodará e os seres humanos serão tragados pelo mar, pelas montanhas ou por pestes. Se olharmos com um pouquinho de atenção para a história vamos ver que isso já aconteceu.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

2008/2009


Uma homenagem aos amigos de uma vida inteira. Alguns de muitos anos, outros até nem tanto, mas todos de coração.

Águas de Março - Tom Jobim e Elis Regina


Essa apresentação do maestro Jobim e da Elis é um dos belos momentos do Fantástico. 1974, em plena ditadura militar, o programa Fantástico produzia encontros de músicos desta natureza. Hoje, nem músico e nem música, só bobagem mesmo. 

Esse Menino é Maluquinho


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

São Paulo em 1943


É muito louco ver que há 66 anos São Paulo já era uma cidade que chamava a atenção do mundo. Em plena Segunda Guerra Mundial, 1943, São Paulo com 1 milhão e 300 mil habitantes borbulhava e preparava-se para ser uma das principais cidades do mundo. Que bom que hoje existe o you-tube e podermos assistir este filme com tanta facilidade.

domingo, 22 de novembro de 2009

Os Dois Irmãos

Era uma vez dois irmãos que cultivavam a terra juntos e sempre compartilhavam as colheitas.
Um dia, um dos irmãos despertou durante a noite e pensou: "Meu irmão é casado e tem filhos. Por isso, tem necessidade e despesas que eu não tenho. Então, colocarei algumas de minhas sacas em sua despensa, o que é mais do que justo. Farei isso na calada da noite para não acontecer que, por sua generosidade, não queira aceitá-Ias.
Levou as sacas e voltou para a cama.
Pouco depois, o outro irmão despertou e disse: "Não é justo que eu tenha a metade de todo o milho de nossa terra. Meu irmão, que é solteiro, não tem o prazer de possuir uma família e, portanto, tentarei compensá-lo passando um pouco do meu milho para sua despensa". E assim fez.
Na manhã seguinte, ambos ficaram surpresos ao ver que havia o mesmo número de sacas em sua despensa e não puderam compreender como, ano após ano, o número de sacas continuava sendo o mesmo, ainda que as transferissem às escondidas.
Ainda que o negue, o homem geralmente pensa de forma contrária a esta. Tem medo e uma espécie de rancor ante a possibilidade de obter uma porção menor do que aquela que lhe corresponde, e sempre calcula que merece muito mais do que o que recebe. É devido a esta forma equivocada de pensar que se encontra no estado em que o vemos hoje.
Extraído de 'O Sufismo no Ocidente' - Edições Dervish 1988

Mevlana RUMI

"A ciência se aprende com
PALAVRAS,
A arte pela
PRÁTICA,
o desapêgo com o 
COMPANHERISMO"

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Grafite Nacional no MASP


Obras do grafiteiro Titi Freak, que participa da exposição no Masp. (Foto: Divulgação) 
Começa hoje no MASP - Museu de Arte de São Paulo, pela primeira na história do museu, a mostra "De dentro para fora, de fora para dentro" de 6 grafiteiros - Carlos Dias, Daniel Melim, Ramon Martins, Stephan Doitschinoff, Titi Freak e Zezão - que já haviam invadido as Galerias de Arte e agora chegam ao principal museu da América do Sul.
"São artistas muito ricos em linguagem, pertencem a mesma geração, mas têm estilos muito distintos", explica Baixo Ribeiro, curador da exposição.
A ideia do projeto foi integrar em uma mesma sala seis estéticas diferentes de arte das ruas para ocupar este espaço em branco.
De Dentro Para Fora, De Fora Para Dentro
Quando: de terça a domingo, das 11h às 18h, e quinta, das 11h às 20h; até 05/02/10.
Quanto: R$ 15.
Onde: Masp (Av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/3251-5644).

Dia da Consciência Negra


20 11 09

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tinha uma Rolha no Meio do Caminho

Curta-metragem em animação 3D desenvolvida com Maya. Criação, roteiro, iluminação, cenário e animação: Ricardo Vismona. Modelagem: AAAD. Trilha sonora: Television's Greatest Hits.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

E o Homem Já Sabia de Tudo

Gente não acredito que exista alguém, nascido entre 1950 e 1965, que não tenha curtido e dançado muito com essa música. Eu me lembro, fico até emocionado, mas confesso que não tinha a minima idéia do significado da sua letra. E hoje, vendo este vídeo, que recebi da Ornella, uma querida amiga que mora em Curitiba e vive antenada na rede, por e-mail, fiquei de cara.
Deixe o vídeo carregar e vejam com calma, acompanhem a letra, o homem "Hurricane Smith" já tinha entendido que o planeta é que iria pagar a conta pelas atitudes dos homens.

CUMBUCA música de José Márcio Castro Alves

Esse José Márcio é um comunista como poucos. Sou testemunha da capacidade que este moço tem de fazer tudo comum e simples. Música, foto, imagem, edição, criação, enfim, tudo que você imaginar, ele entende e faz bem feito de maneira comum, assim como um grande comunista.
Hoje, eu tenho o prazer de apresentar para todos que frequentam este Blog a música do José Marcio Castro Alves cantada, nada menos, que pela querida amiga Simone Guimarães, que saiu de Santa Rosa do Vitérbo, passou por Ribeirão e ganhou o mundo. Deixem carregar com calma e ouçam essa belezura.

O Diário de JB


Segunda-feira, dia 16 de novembro, às 19:30 horas, no Jockey Club de São Paulo aconteceu  o lançamento do livro "O Diário de JB" que conta a história de vida e a obra de José Bonifácio Coutinho Nogueira. Mais de trezentas pessoas entre amigos, empresários e jornalistas estiveram presentes no coquetel de lançamento do livro escrito pela jornalista Rosana Zaidan, editora do jornal A Cidade. Durante o evento foram exibidos um documentário e também um slide show mostrando momentos da vida do empresário, banqueiro, criador, secretário estadual da Agricultura e da Educação que implantou a TV Cultura e fundou a EPTV, Emissoras Pioneiras de Televisão.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Eça de Queiroz por José Márcio

Hoje recebi um e-mail do meu amigo José Márcio Castro Alves com um agradecimento ao seu amigo Pedro Varoni, que é diretor de jornalismo da EPTV em São Carlos, por ter publicado este vídeo fantástico no seu Blog No Ar. Eu, que não sou bobo, copiei na hora e, estou aqui publicando no meu Blog. Pessoal, aproveitem!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

30 Anos de Cauim!


Quem conhece Ribeirão Preto, conhece o CineClube Cauim e, quem conhece o Cauim, conhece o Kaxassa. Este ano o Cauim está completando 30 anos e, por isso, resolvi homenagear o Fernando Kaxassa, este amigo e companheiro, que com ideal e muita batalha, vem agregando pessoas em torno desse projeto que tanto fez e continua fazendo pela cultura da cidade de Ribeirão Preto.
Cauim é uma referência no Brasil e no mundo quando falamos de cineclubismo. Mas, para quem conhece a história do Fernando e do Cine Clube Cauim, sabe que o trabalho dessa entidade sempre foi além da sétima arte.
O Cauim, nesses 30 anos, realizou debates, fez livros, revistas, jornais, campanhas – a favor ou contra –, enfim, muita coisa que aconteceu em Ribeirão, no Brasil ou mesmo no mundo. 
Os meninos de cabelos cumpridos que, há 30 anos, com câmeras na mão e idéias na cabeça, começaram a fazer documentários, reuniões para ver filmes e depois debater, tornaram-se a principal referência da cidade quando o assunto é cultura.
Nesses 30 anos, o Cauim sempre foi um ponto de encontro e informação de acontecimentos políticos e sociais que, de alguma forma, tivesse qualquer relação com a nossa comunidade. Toda associação, entidade ou grupo que nasceu nesse período, sempre foi apoiado pelo Kaxassa e pelo Cauim.
Quero deixar claro que a homenagem ao Fernando é extensiva a todos aqueles que trabalharam ou ainda trabalham no Cauim.
Beijos e Parabéns!

Ditado Hindu

Se você joga palavras ao vento
Não reclame se o vento
Contar às árvores

sábado, 14 de novembro de 2009

Domingo, Respeite o Patrão!

Este comercial é uma obra de arte. A fotográfia, a edição, a música fizeram da idéia um filme bonito, bem humorado e, principalmente, natural. Assim, ganha o tele-espectador e o produto que sai muito bem valorizado.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Trocar Pneu Pode Ser Perigoso

Essa Campanha da Goodyear mostra de maneira muito bem humorada  que parar para trocar um pneu poder ser muito perigoso.

O Gato do Ziraldo


Sexta-Feira 13 - Só Millôr Para Aliviar


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A Vida Era O Centro

Em 25 de janeiro de 1966, eu chegava a Ribeirão Preto. Faz, assim, mais de quarenta anos que estou aqui, onde, ao que tudo indica, haverei de passar o resto de meus dias. Já vivi nesta cidade mais de dois terços de minha existência.
Aqui terminei meu colegial (o antigo clássico, lembram-se?). Aqui cursei Direito, Letras e Pedagogia. Aqui fui bancário, professor, advogado, juiz de direito e hoje, de novo, advogado. Aqui encontrei minha outra metade e me casei. Aqui tivemos nossas filhas, que também aqui cresceram e foram educadas. Aqui sempre tive o meu CEP, mesmo nas épocas em que, transitoriamente, estive fora por questões profissionais...
Quando cheguei, morava nos Campos Elíseos, na Avenida da Saudade, proximidades da Igreja Santo Antônio. Estudava no Colégio Estadual Santos Dumont, então última construção da Vila Tibério. Por questões de orçamento, eram quatro ou cinco quilômetros de caminhada de ida para a escola e outros tantos de volta todos os dias, incluindo o sábado.
O sangue da vida da cidade, então, corria pelas artérias do centro, delimitado pelas Avenidas Nove de Julho, Jerônimo Gonçalves, Francisco Junqueira e Independência. Em casa, na escola, ou qualquer outro lugar, quando se falava em “ir para a cidade”, a referência era esse quadrilátero. Nele estava o comércio principal, as faculdades, os cursos complementares de línguas, a Sorveteria do Geraldo, os eventos de cultura. Nele também moravam diversos dos nossos professores: a Ely Vieitez, o Vicente Teodoro de Souza (o Vicentão) e o Célio de Freitas Costa, de Latim. Gente! Como estou velho! Sou do tempo em que se ensinava Latim!
No salão da Igreja Presbiteriana da Barão do Amazonas, treinávamos peças de teatro amador. Época de ditadura militar, pela praça central, proximidades do Teatro Pedro II, os estudantes eram ameaçados pelos policiais: “Vamos circular! Vamos circular!” Quando a aglomeração era maior e previsível que haveria manifestação, os jovens, perseguidos pela cavalaria, lançavam rolhas e bolinhas de gude para atrapalhar-lhes a corrida. Quando a situação ficava ainda mais séria e não bastava tentar sumiço entre as gôndolas das Lojas Americanas, a correria tinha por alvo o Palácio do Bispo, na Praça da Catedral, onde normalmente se encontrava acolhida, e a Polícia, em nome do Sagrado, respeitava o território eclesiástico. Foi também no centro que alguns colegas e amigos foram retirados de circulação pela Ditadura, alguns por uns tempos, outros para sempre... São tantas as histórias e as lembranças...
Na esquina da Visconde do Rio Branco com a Tibiriçá, antigo SENAC, aos dezenove anos, passei a dar regularmente minhas primeiras aulas de Português, então contratado pelo Professor Laércio Zucoloto. Na esquina da Álvares Cabral com a Américo Brasiliense, em frente ao Correio, também tive, mais tarde, o meu primeiro escritório de advocacia, em sociedade com o Flávio Condeixa Favaretto, de onde, em momentos de espairecer, presenciava pela janela o “seu” João Garapeiro esbanjando simpatia e vendendo seu precioso caldo de cana...
As histórias são muitas e vivas. E esse passado não é um esqueleto de assombrar cidade morta. Continua a arder, embora sob a cinza do descuido de alguns. Mas pode reviver: basta o sopro da boa-vontade de todos. Basta não esquecer que a vida continua lá.
Texto de José Maria da Costa publicado no Guia Centro de Ribeirão - Edição Março 07

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Última Fronteira do Humanismo

Gilberto Gil 

mostra show acústico 

em Lisboa e diz que 

África é "a última 

fronteira do humanismo"

Essa é a manchete do UOL Música de hoje. Numa belissima matéria eles falam do Show que o Gil fez em Lisboa, mas não explicam a machete. De qualquer forma, achei tão verdadeira a expressão do nosso músico, que resolvi repetir aqui. Acho que breve saberemos quais os motivos do Gil fazer tal afirmação. http://musica.uol.com.br/ultnot/2009/11/11

Alguns Trabalhos da Exposição Red Bull


Espaços do hotel na Avenida São João, em São Paulo, foram adaptados para receber 10 ateliês individuais, além de quartos vazios para instalações artísticas, salas de projeção, visualização de trabalhos, área de convívio, Internet e edição.
 
À esquerda, "Together" e "Can't Stop"; à direita, "Obra Sem Título", da série "Portrait (Retratos)" - obras são do artista alemão El Bocho.

Instalações interativas, do americano Grant Davis; durante 30 dias, artistas de diversos países irão compartilhar impressões, práticas e conhecimentos, por meio do contato com a fotografia, instalação, escultura, vídeo, pintura, performance e áudio.

Hotel de 1916 Abriga Exposição a Partir de Hoje


Foi inaugurado ontem e abre para o público em geral a partir de hoje a Exposição Red Bull House Off Art. Na foto acima vemos o edífico do antigo Hotel Central (Av. São João, 288), no centro de São Paulo.
O prédio, que fica no calçadão próximo ao Anhangabaú, foi construído em 1916 e estava desativado desde 2005.
Brasileiros como Rodrigo Garcia Dutra e Regina Parra, o japonês Hiraku Suzuki, o alemão El Bocho e Gabriela Golder, da Argentina, contarão com ateliês e quatro andares do imóvel para desenvolverem instalações, vídeos e pinturas.
O projeto chamado de "Red Bull House of Art" tem curadoria de Lucas Bambozzi e Maria Montero e recebe na mesma data uma mostra com obras já desenvolvidas pelos participantes. Uma nova exposição, com trabalhos feitos durante a residência, abre dia 5/12. 

Hotel Central - av. São João, 288, região central, São Paulo, SP. S/tel. Ter. a sex.: 12h às 18h. Sáb. e dom.: 10h às 18h. Primeira exposição: 11/11 a 13/12. Segunda exposição: 5/12 a 13/12. Grátis. Classificação etária: livre.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Encontro de Povos Indígenas


No dia 18 de novembro, às 20h30, no Sesc, na rua Tibiriçá, 50, acontecerá o lançamento do livro Tradição e Resistência que conta com pesquisas sobre as etnias indígenas, mapas, fotos e um DVD que reune informações sobre a arte e a terra, depoimentos e entrevistas. Estarão presentes no evento Cristina Flória, que é nascida em Ribeirão e trabalha há muitos anos com a cultura indígena brasileira e o índio Timóteo Guarani. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ziraldo em 1970


Essa charge do mestre Ziraldo foi publicada no Jornal do Brasil em 1970.

domingo, 8 de novembro de 2009

Marcelo Tas Refletindo

Em 2005, quando ocorreu a tragédia do Tsunami o Marcelo Tas publicou este artigo/comentário que acredito, devemos ler e rê-ler sempre, para não perder de vista essa lição.

HORA DE OUVIR OS ELEFANTES
A tragédia do Tsunami trouxe uma lição. Perdida no meio do oceano de notícias, soube-se que no Yala National Park, Sri Lanka, bem no meio de uma regiões mais afetadas pela mega onda, nenhum animal foi encontrado morto!
Repito: num parque onde havia 19 Km de praias, habitadas por centenas de elefantes, leopardos, pássaros, coelhos... ninguém morreu!
Verificou-se com espanto que antes da chegada do maremoto os animais, por alguma razão ainda não esclarecida, se deslocaram da praia e das áreas mais baixas, para a parte mais alta do parque. As águas chegaram a entrar 3 Km parque a dentro. Mas ali não havia ninguém. Ou melhor, nenhum bicho foi pego de calças curtas.
Surgiram alguns palpites. Na BBC e na National Geographic, cientistas afirmaram que possivelmente o fato se deu porque os animais ouvem uma freqüência de som produzida pelo terremoto, mais baixa do que as que os nossos ouvidos captam.
Segundo ele, os bichos também sentem vibrações no solo e do ar, as rally waves, estas, sim, também somos capazes de sentir em nosso próprio corpo. Ou melhor, seríamos. Nossa mente anda tão congestionada de informação, que apesar das rally waves chegarem até nossos corpos, essa informação é simplesmente deletada da nossa consciência.
Entenderam a tragédia?
Resumo: os bichos se salvaram porque estavam conectados. Nós, seres humanos, nos estrepamos porque estávamos também conectados, só que em outras ondas: rádio, TV, videogame, ou mesmo o sonzão do carro ou do botequim tocando no último um bate-estaca de ano novo.
Nesses meus poucos dias de férias, persegui como um louco a tecla mute do controle remoto. Tentando diminuir pelo menos o volume do mundo ao meu redor. Valorizar o botão de desliga. Tá ligado?
Tá na hora da gente ouvir menos o barulho e mais os elefantes.
Marcelo Tas

sábado, 7 de novembro de 2009

A Vida Vale a Pena

"Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:

 A salvação é pelo risco, 
Sem o qual a vida não vale a pena!!!" 
 
Clarice Lispector

Artur da Távola

Este texto maravilhoso do Artur da Távola, é uma das pedras preciosas que rolam pela rede mundial de computadores. Em sites e blogs, a quantidade é infinita. Mas, ainda tem pps, e-mails, e até filminhos. Mas, convenhamos, ainda bem que isso acontece, né?

TER OU NÃO TER NAMORADO
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não
tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pablo Neruda Ilumina a Sexta-Feira

Acabei de ler este poema no Blog da Maria Sanz "noProvador" e, não resisti, copiei e corri para colar aqui para que todos os leitores deste Blog, os amigos e todos aqueles que amam a vida possam desfrutar da beleza deste poema.

É Proibido
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.


É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você. 


É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus, nem fazer seu destino

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.


É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.


É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.


É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ninho de Estrelas


crédito: Nasa, ESA, R. O'Connell (Univ. Virginia), B. Whitmore (Space Telescope Science Institute), M. Dopita (Australian National Univ.), e comitê de supervisão científica da Wide Field Camera 3
A nova câmera (WFC3, de Wide Field Camera 3) instalada no Telescópio Espacial Hubble em maio deste ano captou a mais detalhada imagem de nascimento de estrelas. O processo de formação estelar, flagrado na galáxia espiral M83, é mais rápido, especialmente em seu núcleo, do que o presente na Via-Láctea. A WFC3 (de Wide Field Camera 3) revela estrelas em diferentes estágios de evolução, fornecendo aos astrônomos subsídios para dissecar a história de sua formação. Também é possível visualizar os remanescentes de cerca de 60 explosões de supernovas, as explosões de estrelas massivas, podem ser vistas na imagem, cinco vezes mais nítidos do que os registros anteriores.

Receita Pra Lavar Palavra Suja

Viviane Mosé
Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio-dia. Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza.
Por exemplo a palavra vida. Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente. São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada. Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão. Agora nunca vi palavra tão suja como perda. Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua. O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.
O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras. Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras sob o risco de perderem o sentido. A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa. Conviva com a palavra durante alguns dias. Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo. Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne, prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa. Uma palavra limpa é uma palavra possível.

Chicletes Adams


Em 1940 o Chicletes Adams, já embalados em caixinhas de papelão amarela ou rosa com 2 unidades (que duraram por mais de 5 décadas), fazia propaganda na Revista o Cruzeiro, e afirmava que só eles faziam chicletes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quarta-feira Muito Quente

Nada melhor do que ter bons amigos. Hoje, recebi por e-mail de um grande amigo, um texto do Albert Camus, acompanhado de uma foto do ilustre escritor de O Estrangeiro e ainda, com uma nota do tradutor. Por favor, desfrutem deste belo presente do meu amigo Luiz Augusto Michelazzo.



Salamano e o cão
Albert Camus
Tradução de Luiz Augusto Michelazzo
Ao subir, pela escada escura, topei com o velho Salamano, meu vizinho de andar. Ele estava com seu cão. Há oito anos os vejo juntos. O cão, um spaniel, tem uma doença de pele, acho que sarna, que o fez perder quase todos os pelos e que o cobriu de placas e crostas escuras. Por força de viver com ele, os dois sós num pequeno quarto, o velho Salamano acabou por se parecer com ele. Ele tem crostas avermelhadas no rosto e seu cabelo amarelado é escasso. O cão, esse pegou do seu patrão um tipo de postura encurvada, o focinho adiante e o rabo abaixado. Eles têm o ar da mesma raça e portanto eles se detestam. Duas vezes por dia, às onze e às seis horas, o velho leva seu cão para passear. Há oito anos eles não mudam o itinerário. Pode-se vê-los ao longo da rue de Lyon, o cachorro puxando o homem, até que o velho Salamano tropece. Então ele bate no cachorro e o xinga. O cão abaixa de pavor e se deixa arrastar. Nesse momento fica o velho a lhe puxar. Quando o cão esquece, ele volta a arrastar novamente seu dono e é de novo espancado e xingado. Então ficam os dois na calçada se olhando, o cão com terror e o homem com ódio. É assim todos os dias. Quando o cão vai urinar, o velho não lhe dá tempo e o puxa, o spainel espalhando atrás de si um rasto de pequenas gotas. Se por acaso o cão faz dentro do quarto, então apanha outra vez. Isso dura oito anos. Celeste diz sempre “é uma desgraça”, mas no fundo, ninguém sabe. Quando o encontrei na escada, Salamano estava xingando o cão. Ele dizia: “Canalha! Carniça!” e o cão gemia. Eu disse: “Bom dia”, mas o velho xingou outra vez. Então eu lhe perguntei o que o cão havia feito. Ele não me respondeu. Ele disse somente: “Canalha! Carniça!”. Eu o vi , inclinado sobre o cão, arrumando qualquer coisa na sua coleira. Falei mais forte. Então sem se voltar, ele me respondeu com um tipo de raiva disfarçada: “É sempre assim”. Depois partiu puxando o animal que se deixava arrastar sobre as quatro patas, gemendo.
......
De longe percebi na direção da porta o velho Salamano que tinha um ar agitado. Quando nos aproximamos notei que ele não tinha seu cão. Ele olhou para todos os lados, voltou-se sobre si mesmo, tentando furar o escuro do corredor, murmurando palavras desconexas e voltando a inspecionar a rua com seus pequenos olhos vermelhos. Quando Raymond lhe perguntou o que se passava, ele não respondeu de pronto. Eu tinha vagamente entendido que ele murmurava “Canalha! Carniça!” e ele continuou a se inquietar. Perguntei onde estava o cachorro. Ele me respondeu bruscamente que havia fugido. E depois, de sopetão, ele falou com inconstância : “Eu o levei ao Campo de Manobras, como de costume. Estava lotado em volta das barracas dos feirantes. Eu parei para olhar “o Rei da Fuga” e quando quis voltar ele não estava mais lá. Há algum tempo eu queria comprar uma coleira maior. Mas eu jamais acreditei que essa carniça pudesse fugir assim. Raymond lhe explicou então que o cão poderia ter se extraviado mas que ele iria voltar. Ele citou exemplos de cães que haviam percorrido dezenas de quilômetros para voltar a seus donos. Apesar disso o velho mantinha o ar agitado. “Mas eles o pegarão, vocês entendem. Se ainda alguém o recolhesse. Mas isso não é possível, ele enoja todo mundo com suas crostas. A carrocinha o pegará, é certo.” Eu lhe disse que ele devia ir ao canil municipal e que o devolveriam mediante o pagamento de algumas taxas. Ele me perguntou se essas taxas eram elevadas. Eu não sabia. Então ele se encolerizou: “Dar dinheiro por essa carniça! Ah, ele pode bem é se arrebentar!”. E se meteu a xingar. Raymond riu e entrou no prédio. Eu o segui e nos separamos no corredor do andar. Pouco depois ouvi os passos do velho e ele bateu à minha porta. Quando abri ele ficou um momento na soleira e disse: “Desculpe-me, desculpe-me.” Convidei-o a entrar mas ele não quis. Ele olhou o bico dos seus sapatos e as mãos cheias de crostas e trêmulas. Sem me olhar no rosto, perguntou: “Eles não vão prendê-lo, diga senhor Mersault? Eles vão devolvê-lo. O que vai acontecer?” Eu lhe disse que a prefeitura deixava os cães três dias à disposição dos donos e que, em seguida, eles faziam o que, bom, ele sabia. Ele me olhou em silêncio. Depois me disse: “Bonsoir.” Ele fechou sua porta e eu o ouvi ir e vir. Sua cama rangeu. E no bizarro barulhinho que atravessou a divisória, percebi que chorava. Não sei porque pensei em mamãe. Mas eu tinha que acordar cedo no dia seguinte. Não tinha fome e deitei- sem jantar.
Nota do tradutor
Neste trecho de O Estrangeiro, um livrinho de 180 páginas, apontado como um dos patrimônios literários da humanidade, Albert Camus – Prêmio Nobel de Literatura em 1957 – faz um instantâneo da complexidade das relações humanas, cujos sentimentos alternam do amor ao ódio, milhares de vezes por dia.
Muitas vezes torna-se quase impossível entender a essência de certas relações abertamente hostis, odiosas e destrutivas e do porquê seguem em frente, sem se perceber os traços de afeto embutido nelas. Camus coloca a questão com mestria, de passagem, nesse trecho de O Estrangeiro, emblematicamente por meio de um velho solitário e um cão não menos miserável. Trata-se de uma das figuras literárias preferidas do meu irmão Paulo – que é psicólogo, analista – citada sempre para explicar a densidade das variações entre amor e ódio e ainda, a tardia percepção desses amores sofridos, encouraçados em espessa camada de rancor, ira e repugnância. Afeto escondido, muita vezes só tornado consciente com o desaparecimento do objeto do ódio. Mas O Estrangeiro, como foi dito, trata de Salamano e seu cão só de passagem, focando sua atenção maior à história do jovem Mersault, a partir da morte de sua mãe e os trágicos acontecimentos que se sucedem numa tarde excepcionalmente luminosa e quente no litoral argelino. É um mergulho profundo na alma humana, magistralmente bem descrito, e uma crítica contundente à justiça burguesa.
Trata-se de um livro imperdível, que deve ser lido – e relido, por quem já o fez.
Um dos maiores nomes da literatura contemporânea, Camus, francês nascido em Argel, é dono de vasta obra – romances, peças de teatro, ensaios e artigos. Outro pequeno livro seu, A Peste, colocar-se-ia igualmente entre as obras antológicas da literatura mundial. Transformado em filme, previsivelmente ficou muito aquém da obra literária, quase um esboço.
Homem de esquerda, Camus trabalhou na clandestinidade contra a ocupação nazista da Europa – escrevia para o jornal Combat – e em seguida pelo fim do colonialismo francês na Argélia. Morreu na França aos 47 anos, em 1960. A tradução do referido trecho teve por original a edição de bolso de L’étranger, da Editions Gallimard, de 1957, e como objetivo o puro prazer intelectual.

ILUMINAÇÃO


Neurobiol deixa seu cérebro iluminado. Nos anos de 1940, Neurobiol prometia melhorar a capacidade do cérebro em propaganda estampada nas páginas da Revista O Cruzeiro.  Hoje, 60 anos depois, percebemos que os problemas com o cérebro continuam iguais, as propagandas continuam prometendo iluminação, mas agora, em muito maior quantidade e com opções de muitas marcas e fórmulas milagrosos. 
O esquecimento é algo que nos acompanha a vida inteira.  Acredito que esquecemos o que não é interessante o suficiente para ocupar um lugar de destaque no cérebro. Você já ouviu falar de alguém apaixonado que esqueceu de ir buscar a namorada na hora do encontro? Ou então, de um funcionário que não foi receber o salário do mês porque esqueceu? Nem eu. Mas,  acho que por convenção, quando chegamos aos 40 anos começamos a nos preocupar com a falta de memória, aos 50 anos a preocupação se agrava e, depois dos 60 anos a gente esquece. 
Por isso, Neurobiol e todos os lubrificantes para o cerébro que forem lançados sempre terão um público novo sedento em resolver o seu problema de memória.

QUINDINS NA PORTARIA

Martha Medeiros
Estava lendo o novo livro do Paulo Hecker Filho, Fidelidades, onde, numa de suas prosas poéticas, ele conta que, antigamente, deixava bilhetes, livros e quindins na portaria do prédio de Mário Quintana: "Para estar ao lado sem pesar com a presença". Há outras histórias e poemas interessantes no livro, mas me detive nesta frase porque não pesar aos outros com nossa presença é um raro estalo de sensibilidade.
Para a maioria das pessoas, isso que chamo de um raro estalo de sensibilidade tem outro nome: frescura.
Afinal, todo mundo gosta de carinho, todo mundo quer ser visitado, ninguém pesa com sua presença num mundo já tão individualista e solitário.
Ah, pesa. Até mesmo uma relação íntima exige certos cuidados.
Eu bato na porta antes de entrar no quarto das minhas filhas e na de meu próprio quarto, se sei que está ocupado.
Eu pergunto para minha mãe se ela está livre antes de prosseguir com uma conversa por telefone.
Eu não faço visitas inesperadas a ninguém, a não ser em caso de urgência, mas até minhas urgências tive a sorte de que fossem delicadas.
Pessoas não ficam sentadas em seus sofás aguardando a chegada do Messias, o que dirá a do vizinho.
Pessoas estão jantando.
Pessoas estão preocupadas.
Pessoas estão com o seu blusão preferido, aquele meio sujo e rasgado, que elas só usam quando ninguém está vendo.
Pessoas estão chorando.
Pessoas estão assistindo a seu programa de tevê favorito.
Pessoas estão se amando.
Avise que está a caminho. Frescura, jura? Então tá, frescura, que seja.
Adoro e-mails justamente porque são sempre bem-vindos, e posso retribuí-los, sabendo que nada interromperei do lado de lá.
Sem falar que encurtam o caminho para a intimidade.
Dizemos pelo computador coisas que, face a face, seriam mais trabalhosas.
Por não ser ao vivo, perde o caráter afetivo?
Nem se discute que o encontro é sagrado.
Mas é possível estar ao lado de quem a gente gosta por outros meios.
Quando leio um livro indicado por uma amiga, fico mais próxima dela.
Quando mando flores, vou junto com o cartão.
Já visitei um pequeno lugarejo só para sentir o impacto que uma pessoa querida havia sentido, anos antes. Também é estar junto.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Encontro com o Diabo

Certo homem devoto, convencido de que era um sincero Buscador da verdade, submeteu-se a uma longa seqüência de disciplina e estudo.
Por um período considerável de tempo, teve muitas experiências, tanto em sua vida interior, como exterior, junto a vários mestres.
Um dia, meditando, viu subitamente o diabo sentado ao seu lado.
- Afasta-te, demônio - gritou -, não tens nenhum poder para me causar dano, pois estou seguindo o Caminho dos Eleitos. - A aparição se esfumou.
Um verdadeiro sábio que por ali passava, disse-lhe, com tristeza:
- Ah, meu amigo. Assentaste teus esforços sobre bases tão inseguras, tais como teu medo inalterado, tua avareza e tua auto-estima, que chegaste a tua última experiência possível.
- E por quê? - perguntou o buscador.
- Esse diabo é, na realidade, um anjo. Diabo é como tu o viste.
Extraído do livro Sufismo no Ocidente - Editora Dervish, Brasil

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Há 20 anos o Muro Caiu


Essa semana começam as comemorações dos 20 anos da queda do muro de Berlim. No dia 9 de novembro de 1989, depois de 28 anos da sua construção, caiu o muro de Berlim e, com ele, o maior símbolo da Guerra Fria.
O muro foi construído a partir do dia 13 de agosto de 1961 e dividiu a cidade de Berlim, que na época tinha 4 milhões de habitantes. Uma operação ultrassecreta de codinome “Rosa”, comandada pelo Birô Político do lado oriental, levou apenas cinco horas para fechar completamente as fronteiras internas da cidade, proibindo a circulação entre as zonas ocidentais e a área sob influência da União Soviética.
Tudo foi feito sob sigilo, durante a madrugada de um domingo, para que não houvesse reação dos berlinenses ou dos Estados Unidos, maior potência que fazia oposição aos soviéticos. Além dos envolvidos na operação, ninguém foi informado sobre decisão de fechar as fronteiras, e mesmo os que viam a instalação das cercas de arame farpado que mais tarde se tornariam um muro de concreto achavam improvável que o fechamento fosse definitivo.
Às 6h da manhã, enquanto a cidade dormia, era finalizada a primeira parte da operação que bloqueava 81 pontos de cruzamento e 193 ruas que atravessavam a fronteira, bem como os sistemas de transportes públicos. A cidade de 4 milhões de pessoas, que havia sido dividida de forma teórica após a Segunda Guerra Mundial, mas que na prática funcionava até então como um único organismo urbano, acordou cortada ao meio, separando famílias, amigos, casais e afastando trabalhadores dos seus empregos e estudantes de suas escolas. O dia ficou conhecido como “o domingo do arame farpado”.
O governo da República Democrática da Alemanha (RDA, o lado oriental) havia mobilizado 10 mil homens para garantir a segurança e evitar protestos após o fechamento da fronteira. À exceção de pequenos ataques de jovens do lado ocidental e de protestos menores do lado oriental, não chegou a haver confrontos violentos, nenhuma reação radical. Pego igualmente de surpresa, o governo norte-americano preferiu evitar o enfrentamento, permitindo que o lado socialista concluísse sua operação.

Mario Benedetti

Este texto, que publico abaixo, anda rodando na rede num pps bem feitinho. É um texto lindo, bem escrito e muito sincero. Se é do Mario Benedetti eu não consegui comprovar. Achei engraçado, porque na busca de informações do Mario Benedetti para comprovar a autoria do texto, encontrei uma discussão na rede sobre a falta de material deste poeta e escritor Uruguaio de renome internacional. (Veja abaixo o link da Editora Objetiva com mais informações)


Da gente que eu gosto.
Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. Gente que cultiva seus sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.
Eu gosto de gente com capacidade para assumir as consequências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.
Gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom ânimo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.
Eu gosto de gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. Da gente que tem tato.
Gosto da gente que possui sentido de justiça.
A estes chamo de meus amigos.
Me gosta a gente que sabe a importância da alegria e a pratica.
Da gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor.
Da gente que nunca deixa de ser animada.
Gosto de gente que nos contagia com sua energia.
Gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e idéias.
Me encanta a gente de critério, que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo.
De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los.
De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.
Gosto da gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereótipo social, nem como se apresentam.
De gente que não julga, nem deixa que outros julguem.
Gosto de gente que tem personalidade.
Me encanta a gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração.
A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranquilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber reviver.
A glória não consiste em não cair nunca, mas em levantar-se todas as vezes que seja necessário.
E ISSO É ALGO QUE MUITO POUCA GENTE TEM O PRIVILÉGIO DE PODER EXPERIMENTAR.
Bem aventurados aqueles que já conseguiram receber com a mesma naturalidade o ganhar e o perder, o acerto e o erro, o triunfo e a derrota...

domingo, 1 de novembro de 2009

Jogos dos Povos Indígenas


A 10ª edição dos Jogos dos Povos Indígenas, que acontece de 31 de outubro a 7 de novembro na cidade de Paragominas, no Pará, deve reunir cerca de 1.300 pessoas, segundo o Ministério dos Esportes. Além de vários grupos indígenas brasileiros, participam delegações do Canadá, Austrália e Guiana Francesa.
A abertura oficial ocorreu às 17h30 de sábado (31), na Arena Círculo Indígena. Um total de 28 ocas compõem a Vila Olímpica que abriga os povos. Até 6.000 pessoas poderão assistir às competições nas arquibancadas.
A arena dos jogos no Parque Ambiental receberá 8 das 10 modalidades. As modalidades tradicionais de arco e flexa, arremesso de lança, cabo de força, canoagem, corrida de 100 metros, corrida de fundo, corrida de tora e natação/travessia serão disputadas no espaço.
Já o futebol, mesmo sendo praticado em todas as aldeias brasileiras e de ter origem não-indígena (jogos ocidentais), será disputado em espaços físicos fora do Parque Ambiental. O parque de Exposição de Paragominas receberá as competições masculinas de futebol, e o Estádio João Gomes, as femininas.
Haverá também os jogos demonstrativos. Serão apresentados aos visitantes atividades como lutas corporais, corrida de tora e zarabatana, entre outras. Os Jogos dos Povos Indígenas são realizados desde 1996.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/11/01/ult5772u5907.jhtm