sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sociedade Recreativa e de Esportes

Essa é uma foto de 1985, feita por Hermano Teixeira Machado, da fachada original, projetada pelo arquiteto Dr. Ijair Cunha, que é uma beleza da arquitetura moderna dos anos 1950/1960 da cidade de Ribeirão Preto. Infelizmente, nos últimos 20 anos, fizaram alterações na estrutura original, mudando detalhes que acabaram maculando o projeto. A Recra, como é conhecido o clube, tem mais de 100 anos e o seu primeiro endereço foi no centro da cidade, no prédio onde hoje esta localizado o MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto, na esquina das ruas Barão do Amazonas com Duque de Caxias.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Artes

A sua Santidade o Papa, na frente de uma capela na Itália. Essa é mais uma foto do artista britânico, conhecido apenas como Slinkachu, de 31 anos, que iníciou em 2006 o projeto "Little People", espalhando pelas ruas de Londres, miniaturas que ele monta em locais escolhidos para homenagear a população e as cidades. A instalação é fotografada e deixada ali. A partir de então, ele já foi para outras cidades da Grã Betanha e também, Itália, Noruega, Espanha e Holanda.
Este caramujo, faz parte de outro trabalho, ele aplica as miniaturas, fotografa e deixa o feliz trabalhador continuar sua caminhada.
O Super Homem, senta para descansar. Será que estes trabalhos são encontrados por pessoas que o apreciam? O autor dos trabalhos disse que voltou varias vezes e nunca encontrou nem sinal.

Quem Sabe Faz

Arte é arte. Leonardo Della Fuente e Anderson Augusto, são dois artistas que fazem arte, pelas ruas da cidade de São Paulo, utilizando como suporte os bueiros, tampas de esgotos e qualquer outro objeto urbano que os estimule. Eles criaram um projeto com nome de 6emeia, que cria arte nos lugares desprezados, de uma forma geral, pela população da cidade. 
Com isso, a população ficou mais leve e feliz e os artistas já foram reconhecidos, estão pintando para construtoras e já foram mostrar seu trabalho fora do Brasil.

Casa de Cristo

Sentados, Diô (Dionísio) Lu (Luiz Otávio Bauso) Toninho (Antonio Achê Sobrinho), no chão, José Carlos Faciolli, Rosana Zaidan e Vera Helena Conrado. Na parede, no centro, o quadro do palhaço, foi feito por mim e doado à Casa.
Essa foto é um belo documento, sobre a famosa Casa de Cristo, no ano de 1972, há exatos 38 anos.
Localizada na Rua Álvaro Costa Couto, antiga Rua das Paineiras e, por uns 10 anos, a rua da Casa de Cristo. Ali, um grupo de jovens que se intitulavam cristãos, na sua grande e expressiva maioria, menores de 18 anos, eram liderados por Dirceu Biason, que na época havia deixado a Igreja Batista Livre, se não me engano. Dirceu também um jovem, com no máximo 24, 25 anos, e com idéias interessantes sobre a Fé, Esperança e Novidade de Vida, uniu-se a esses jovens para criar uma igreja de acordo com a época.
O mundo fervia com os hippies, as comunidades onde moravam homens, mulheres e crianças. Projetos alternativos eram a moda em todos as áreas. Nos EUA já existiam grupos como os Jesus People, que moravam em comunidade, vestiam-se como hippies e pregavam a palavra de Jesus Cristo como a única saída.
A casa, foi alugada com ajuda do pai de um dos garotos e de um médico evangélico. Logo, o pequeno grupo fez um jantar com ajuda de outra família e, com o dinheiro arrecadado, foram feito sofás com caixas de bacalhau (onde estão sentados o pessoal da foto), com almofadas, confeccionadas pelas moças. Alguns trouxeram quadros, posters, cadeiras velhas, mesas, colchão, enfim, em pouco tempo a casa foi tomando forma e identidade.
A frente da casa tinha uma pequena grade baixa, com um jardim curtinho e uma grande vidraça, que devassava toda a sala, o principal lugar onde todos ficavam. As portas eram abertas para os convidados, religiosos, ateus, curiosos, pensadores, professores, pais, filhos, alunos e desocupados.
Ali, num espaço de 6 meses, aconteceu uma das ações mais interessantes que acompanhei na minha vida. O Dirceu casou com a Adélia, e os dois foram de lua de mel para os Estados Unidos.
Nesse período, sem lideres, sem conhecimento, sem formas, regras, ou o que você quiser pensar, um bando, de no máximo 30 jovens, os mais velhos com 18 anos, tornaram-se 300.
Eram jovens inteligentes, que liam a bíblia e queriam mudar o mundo pela pregação da palavra. Na sua grande maioria eram bons estudantes, filhos de família de classe média, sem grandes preocupações.
Em pouco tempo, nasceu um grupo de músicos, outro de teatro e assim, as pessoas iam surgindo de todos os cantos e eles iam se multiplicando.
A casa fervia desde cedo. E já existiam grupos que ajudavam nas favelas, cadeia pública, hospitais, creches e etc. Para poderem se locomover e levar comida e remédios para quem precisava, eles trabalhavam, entregando jornal, lavando carro ou fazendo jardim.
Em pouco tempo, aos domingos, as reuniões ficavam tão cheias, que as pessoas precisavam ficar na calçada para acompanhar.
Hoje, quase 40 anos depois, o pessoal da Casa de Cristo ainda é identificado e, entre eles, existem juízes, advogados, médicos, jornalistas, arquitetos, engenheiros, empresários, músicos e muita gente boa.
Lau Baptista

Tim Burton

Essa é uma homenagem que faço ao meu amigo e artista, Cleido Vasconcelos, que, com certeza, deve gostar dos trabalhos artísticos de Tim Burton, este diretor de cinema que faz arte com tudo que passa pela frente. "O menino com prego nos olhos" que faz parte da exposição do MoMa - Museu de Arte Moderna de Nova York, sobre o Tim Burton.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Só o Amor Faz O Bobo


Este texto da Clarice Lispector, declamado por Aracy Balabanian, é de uma verdade assustadora. E, por mais claro que fique, ainda caimos na ignorância de achar que vale a pena ser esperto. Acredito que isso, no Brasil, é o resultado da divulgação dessa máxima por muitos e muitos anos, como uma grande verdade, por politicos e poderosos.
Já tivemos uma propaganda de cigarro, com um dos princípais jogadores da seleção brasileira de futebol, dizendo, em alto e bom som, que o legal era levar vantagem em tudo. Hoje em dia, a seleção nacional inteirinha garante que a cerveja TAL é a TAL e Não Faz Mal.
Então, por tudo isso, este texto é uma homenagem a sabedoria, algo que tem tudo a ver com o rei Salomão, autor da frase que deu título a este Blog.

Mais Uma Bienal

Álbum de Figurinhas

No mundo atual viver é correr.
As pessoas não têm mais tempo para nada. Acordam atrasadas, tomam café na padaria, correm prá pegar o ônibus ou metrô e, quase invariavelmente, chegam atrasadas ao trabalho.
Lógico, que estou falando dos grandes centros. Nas cidades pequenas, ainda reza uma realidade mais tranqüila, mas não é aquela de 50 anos atrás.
O mundo muda, as novas tecnologias fazem as pessoas mais conectadas, mas mesmo assim, a distância tem aumentado no que diz respeito a relacionamentos.
No meio de tudo isso, leio nos jornais e nos sites, que as figurinhas e os álbuns de figurinhas estão bombando como em 1958, quando o álbum da copa dava em prêmios, geladeiras, rádios, televisores e móveis, que eram os objetos do desejo daquela sociedade de consumo que começava a nascer.
Jovens, adultos, velhos e até as crianças, andam comprando saquinhos e mais saquinhos de figurinhas da copa de 2010 na África.
Em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus e no interior deste imenso país, as figurinhas do álbum da copa de 2010 são disputadas diariamente, com encontros em praças, parques e calçadas em frente às bancas, para trocar, disputar no bafo ou negociar de todas as formas para poder completar o álbum.
Lembro, que em Ribeirão Preto, quando era menino, no início dos anos 1960, o local de troca de figurinhas, gibis e todo tipo de coleção era na frente do Theatro Pedro II, que, na época, era um cinema mal ajambrado.
Ali, vinham meninos de todos os cantos da cidade, com seus álbuns, gibis, figurinhas, bolinhas de gude, enfim, o que podia servir de moeda de troca ou negociação. E, era preciso ser esperto, pois vez ou outra, aparecia um menino um pouco maior, que passava correndo, gritava Limpa Tipa e levava suas figurinhas para sempre.
Engraçado, como apesar de toda tecnologia, os seres humanos continuam os mesmos.
Lau Baptista

O Santuário das Sete Capelas

Foto de Hermano Teixeira Machado feita em 1985 para 
o livro Ribeirão Preto - Memória Fotográfica 
O Santuário das SETE CAPELAS foi idealizado pelos monges beneditinos, cada uma dedicada a um padroeiro. A construção se prolongou por quase dez anos. A primeira capela, de Nossa Senhora das Graças, foi construída em 1948. A de São Judas Tadeu em 1951. As capelas de Nossa Senhora Aparecida e Santa Terezinha foram construídas em 1954. A capela de São Jorge em 1955 e, encerrando o santuário, as capelas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e da escadaria - a Capela da Penitência.
Cada uma mantém sua individualidade no que se refere ao conjunto arquitetônico, mas formam um interessante conjunto. Dispostas em semi-círculo, as capelas são voltadas para o centro.
É importante notar que as capelas foram edificadas em uma escavação de pedreira, ficando assim o santuário guarnecido em todo o seu perímetro por rocha.
O Santuário das Sete Capelas situa-se no Morro do São Bento, ao lado do Mosteiro que deu nome ao morro.

Virginia Teixeira Gazini

Claridade demais ofusca,
Escuridão demais esconde.
A linha mais reta é seca,
O excesso de sinuosidade enjoa.
Falta de objetividade atordoa!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma Gata de Tia

Essa manequim, esquia e estilosa, que fez muito sucesso em Ribeirão Preto, é a minha tia Chiquinha (Francisca Egle Mauro Cagno - 1921 - 2007), irmã da minha mãe e mãe da Carmen Rita, Hugo, Maria Carolina, Zé Maurício e Ricardo, todos Cagno, sobrenome do meu tio Hugo, que foi casado com a Chiquinha por mais de 50 anos. 

Propaganda

Isso sim é ter confiança no seu produto, heim? Mas a produção é ótima, a edição é perfeita, valeu!

Jorge Luís Borges

Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

A Viúva

Mediu o morto e confirmou o facto: a morte encurtara-lhe as pernas. O resto do corpo permanecia igual, mas as pernas haviam encurtado quinze centímetros, e apenas em duas horas.
Mais tarde o fenómeno acelerou.
No dia seguinte, o morto era já composto apenas por uns sapatos pretos novos e pela cabeça.
A mulher do defunto estava irritadíssima. Só conseguiu pensar no dinheiro desperdiçado no enorme caixão de madeira.
- A minha madeira, a minha querida madeira! - murmurava ela, sem que ninguém a ouvisse.
No dia do enterro a viúva não suportou mais e, à frente dos familiares, desatou a chorar, agarrada à madeira do caixão.
Bertolt Brecht
Este texto e a imagem eu copiei do Blog Café Margoso que vale a pena ser visitado

Uma fábula laboral

Era uma vez um pardal cansado da vida. Um dia, resolveu sair voando pelo mundo em busca de aventura. Voou até chegar numa região extremamente fria e foi ficando gelado até não poder mais voar e caiu na neve. Uma vaca, vendo o pobre pardal naquela situação, resolveu ajudá-lo e cagou em cima dele. Ao sentir-se aquecido e confortável, o pardal começou a cantar. Um gato ouviu o seu canto e foi até lá, retirou-o da merda e o comeu.

Moral da história:
1) Nem sempre aquele que caga em cima de ti é teu inimigo;
2) Nem sempre quem te tira da merda é teu amigo;
3) Desde que te sintas quente e confortável, mesmo que estejas na merda, conserva o bico fechado!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Guimarães Rosa

Viver é encargo de 
pouco proveito e 
muito desempenho

Quinzinho

Ele foi o último personagem folclórico de Ribeirão. Imperou por mais de 60 anos. Seu reduto era a esquina da Única, o café do coração da cidade, mais criou o mito da onipresença. Era visto, ao mesmo tempo, em vários lugares. Nos campos do Comercial e do Botafogo, na UGT (União Geral dos Trabalhadores) no Palmeirinha, no auditório da PRA-7, nadando na chácara dos Javaroni, andando nos trilhos da Mogiana. O mito também envolveu suas origens. Diziam que era de família rica, dono de vários imóveis. Pedia moedas apenas porque sua mãe, na infância, bateu muito em sua cabeça. Era dócil e não tinha vícios, ao contrário de Orelhinha e Peru. Orelhinha bebia muito e era nervoso. Peru era introvertido, taciturno. Joaquim Teixeira da Silva, o Quinzinho, até morrer, no dia 20 de junho de 2004, conviveu em pé de igualdade com médicos, doleiros, políticos, jogadores de baralho, jornalistas, comerciantes e industriais. Quando partiu, não deixou substituto. 
Texto de Sidnei Quartier publicado no Guia Centro de Ribeirão - Edição Março 07
Depois de postar esse belíssimo texto, do meu amigo Sidnei Quartier, que foi feito originalmente, para o Guia Oficial ACIRP, edição centro. Não fiquei satisfeito, e resolvi procurar uma foto do Quinzinho, para ilustrar essa beleza. E, para meu espanto, não consegui nenhuma foto. Aqui vai o meu pedido, se alguém tiver uma foto do Seu Joaquim, por favor, envie.

Quelé

Em 1965 fui morar na Rua Nélio Guimarães entre as Ruas Mal. Deodoro e Floriano Peixoto, no Alto da Boa Vista. Era um lugar ermo, um descampado em meio a fazendas.
A mudança foi repentina, e a casa não tinha muros. Numa tarde, a porta aberta da copa permitiu a entrada de uma vaca, procurando comida na mesa posta.
A Rua Airton Roxo, duas antes da Nélio Guimarães, era a última habitada. Na esquina da Rua Mal. Deodoro morava o Carlos Solera e sua penca de irmãos. No meio do quarteirão entre a Mal. Deodoro e a Sete de setembro morava o Dr. Onésio da Mota Cortez, pai do Camilo e do Getulio Vargas. Era jornalista e nunca tomava uma condução. Mesmo em idade avançada, quatro vezes por dia percorria a pé os 3 Kms. que separam sua casa do jornal “A Cidade”, onde assinava uma coluna sob o pseudônimo de “Zeca Camilo”.
Em frente ao Dr. Onésio veio morar o futuro Deputado Federal João Cunha.
Ao lado havia uma casa, e em seguida um terreno vazio onde Quelé acendia sua fogueira.
Quelé foi guarda noturno por muitos anos, até quando sua saúde permitiu. Milhares de madrugadas ao tempo e ao vento e à friagem minaram a saúde de seu forte corpo negro. Ele dizia que sua avó fora escrava. Em troca de alguns trocados, velava o sono dos moradores da rua. E assim, ganhando a vida, aos poucos a perdeu.
Quelé veio do campo, expulso pela mecanização das lavouras. Na cidade o preto velho só conseguiu ser guarda noite.
E se de cidades ele pouco sabia, em natureza era mestre, e da roça trouxe o costume de acender o fogo a noite. No inverno para espantar o frio, no verão para ter companhia nas longas noites de vigília, e sempre para esquentar a comida.
Como o homem gosta do fogo, as pessoas foram chegando a fogueira, primeiro os outros guardas, o Lambari, que contava ter certa vez tomado uma chuva de lambaris, o Zé Toco que não tinha uma das mãos, vivo até hoje, guarda noturno na esquina da Rua Floriano Peixoto com Altino Arantes. Sentavam-se ao fogo, esquentavam o jantar, comiam, e fumando, contavam “causos”. Depois vieram os moradores vizinhos, como o pai do Dr. Wagner Carlucci, que morava em frente, no início da noite, saber de Quelé se ia chover. Ele sempre acertava a previsão. Seu conhecimento baseava-se na observação, durante toda vida, mais de 80 anos talvez, ele nem sabia ao certo, dos fenômenos da natureza.
Quelé analisava o comportamento dos animais, sabia que quando o urutau pia à noite, no campo, iria chover. Escutava o vento, “o do noroeste mandava na nossa chuva”. Já o vento sul, traz o frio. Certa madrugada me disse que na hora em que a lua “caísse no horizonte”, choveria se o vento noroeste continuasse soprando na mesma velocidade. A precisão desta previsão eu constatei.
Um dia me disse: Você pode regar uma planta diariamente por um mês, bastará apenas uma hora de chuva para ela ficar viçosa.A água da chuva tem uma “potassa” que Nosso Senhor põe nela, que nenhuma outra água tem. É verdade!
A freqüência à fogueira foi aumentando, ela era generosa como Sol, aquecia qualquer tipo de gente que lá chegasse.
Em roda dela conviviam playboys chegados de corridas de automóveis na Ribeirânia, policiais montados à cavalo que faziam a ronda. Ás vezes um ou outro ladrão que vinha acender um cigarro, garotos e garotas de todas as cores e tons que vinham fumar cigarros menos ortodoxos. Quelé permitia, até gostava do cheiro da fumaça, ele só não admitia que se cuspisse ou urinasse no fogo, aí ficava bravo, dizia que o fogo era coisa de Deus e aquilo era um grande desrespeito.
Passaram por lá grandes violonistas que espalhavam notas musicais pelas madrugadas. Ás vezes o deputado João Cunha declamava Fernando Pessoa junto ao fogo. Era bonito!
Sempre havia o rádio de um carro sintonizado no programa do Big-Boy na rádio Mundial.Um dia, o locutor, que só tocava rock, anunciou que ia tocar uma música nova de Gilberto Gil. Era o Expresso 2222. Quando aquele violão maravilhoso invadiu a quietude da noite, fez-se silêncio completo. Todos escutavam encantados. Quando terminou, Quelé exclamou: “Êta, baiano safado!” Como ele sabia?
Discutia-se religião também, o Lau Baptista e o Toninho Achê filiaram-se ao movimento religioso ”Casa de Cristo” e tentavam converter os outros a esta religião.
Discutia-se política também, mais reservadamente, pois os tempos eram bicudos.
Outro que sempre estava por lá era o futuro médico Rubens Sérgio Achê, cuja tia, Dona Faride morava na esquina da rua Sete de Setembro.
Quelé não tinha instrução formal, mas era um homem sábio, sabia escutar, e às vezes emitia opiniões perspicazes.
No fim da vida, quando já nem se levantava mais, vivia de favor na casa de um cunhado que o acolheu. A pequena aposentadoria que o deputado João Cunha lhe arranjou mal dava para comprar os remédios que precisava tomar. Alguns poucos amigos do tempo da fogueira o ajudavam com algum dinheiro.
No lugar onde ele acendia seu fogo, hoje é a sala de TV da casa lá construída. Sob as cinzas da fogueira sepultou-se o bom uso de conversar.
“Lá em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão”

(Chico Buarque)
Texto de Sergio Von Gal publicado no Guia Sul de Ribeirão - Edição Dez 2008

domingo, 25 de abril de 2010

Pe. Antônio Vieira

Pintura de Isabel Guerra - Espanha 1947
"O livro é um mudo que fala,
um surdo que responde,
um cego que guia,
um morto que vive."
(Lisboa-Portugal 1608-1697 - Salvador-BA)

W + McCann = Uma das 5 Maiores Agências

Depois de dez meses de negociações, será anunciada amanhã de manhã a fusão entre as agências W/, de Washington Olivetto, e a McCann WErickson do Brasil.
A nova agência irá se chamar WMcCann e Washington Olivetto será o chairman. O W no nome foi uma exigência de Washington Olivetto.
Veja a notícia completa, na coluna de Guillerme Barros no IG 

sábado, 24 de abril de 2010

Henry David Thoreau

"Muitos homens iniciaram
uma nova era na sua
vida a partir da
leitura de um livro."
Henry David Thoreau 1817-1862

Clarice Lispector

"Mas nem sempre é necessário tornar-se forte.
Temos que respeitar nossas fraquezas.
Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza
legítima à qual temos direito.
Elas correm devagar e quando passam pelos
lábios sente-se aquele gosto pouco salgado,
produto de nossa dor mais profunda."

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Arte Pau Brasil

O texto é de Fudail Ibn Ayad (mestre Sufi, sec. IX) e a foto: (Christiane Tricerri): Gal Opido

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Robert Crumb

O quadrinista Robert Crumb vem para a FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty, informou na tarde desta quinta-feira (22), a assessoria de imprensa do evento. Crumb vem divulgar o seu livro "Gênesis" na Flip. Este ano, o evento acontece de 8 a 10 de agosto, na cidade do sul fluminense.
A versão em quadrinhos do livro bíblico foi publicada ano passado.
"Me controlei", confessa Crumb na introdução do livro que traz uma etiqueta "só para adultos" e no qual o ilustrador "diz ter tentado não dar um tratamento excessivo de criatividade, às vezes confundindo condição do texto, tentando reproduzir todas e cada uma das palavras do texto original, extraído de diversas fontes".
A Criação, Adão e Eva, Caim e Abel, Noé e o Dilúvio e a Torre de Babel são algumas das passagens reinterpretadas por Crumb com seus inconfundíveis traços em preto e branco, em mais de 200 páginas que unem uma expressão gráfica e um texto vigoroso.

A Vida Passa...

A Terra é Azul

Hoje é o Dia da Terra! 22 de abril foi escolhido como o dia da Terra, para que seus habitantes possam pensar um pouco mais sobre a sua beleza e suas necessidades. Por isso, aqui vai os meus parabéns! Adoro viver nessa terra, mesmo com tantos problemas.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um Vento Me Leva

Recebi ontem, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, o livro Um vento me leva – Lembranças de Jirges Ristum, organizado por Ivan Negro Isola, com participação de André Ristum, filho do Jirges. 
 O livro é um presente lindo, com acabamento de primeira, fotos significativas, textos do Jirges como jornalista, escritor e poeta, textos dos amigos, inclusive um meu. São lembranças recortadas e juntadas com carinho e cuidado editorial, para nos fazer viajar por esta vida bonita que foi, sem dúvida alguma, levada ao sabor do vento.
Ivan conseguiu mostrar o Jirges por inteiro, costurando de forma precisa as imagens com as palavras e ilustrações, revelando facetas dessa figura que conquistava pessoas, como os grandes generais conquistavam países.
Alguns depoimentos sobre a vida de Jirges são verdadeiras aulas de história de uma época, recordações de pessoas sensíveis, inteligentes e sonhadoras. Outros são emocionantes, verdadeiras declarações de amor e agradecimento pelo fato de Jirges tanto ter vivido, apesar de sua passagem entre nós ter sido tão efêmera.
O Livro
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Tamanho 21cm X 26cm
Impressão em papel couchê 150gr
Projeto Gráfico
Victor Nosek
Shadow Design
Assistentes
Felippe Albrecht Villa Real
João Luís Portaro
Uma publicação
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Rua da Mooca, 1921 – Mooca
03103902 São Paulo – SP
www.imprensaoficial.com.br
livros@imprensaoficial.com.br
sac@imprensaoficial.com.br

Paschoal Baldassare e Bisnetos em 1956

Acabei de restaurar esta foto. Nos últimos anos, sempre que posso, digitalizo fotos boas ou não, que estão espalhadas nas casas de tios, primos, irmãos, enfim, da família que vai passando por essa terra. Eu nasci em 1955 e, meus dois avôs já haviam falecidos. Então, o meu bisavô, Paschoal Baldassare, pai da minha avó Carolina, mãe da minha mãe, foi a figura de avô e bisavô que ficou gravada na minha memória.
Nessa foto, estamos sentados, eu (a direita) e Marquinhos (a esquerda) no colo dele, a direita no mesmo sofá, está a Márcia Lepera, irmã no Marquinhos e do Maurinho, que está agachado na frente. No banquinho, na frente, olhando para atrás, está a Maria Carolina (Carol, irmã da Carmen e do Huguinho) e logo atrás, de gravata borboleta, o Huguinho, (Hugo Cagno Filho) tendo ao lado a Carmen Rita (Carmen Cagno). 

Tigre Branco

Olha a pose de tigre com apenas 6 semanas de vida. Repare a beleza dessa espécie rara de tigres, é algo encantador, não é?
Essa foto foi feita na Alemanhã, no zoológico de Hodenhagen. AP

terça-feira, 20 de abril de 2010

Elefantes em Botsuana

A Liga Internacional de Fotógrafos pela Conservação selecionou 40 imagens consideradas as mais belas fotografias de natureza de todos os tempos. Esta foi feita em Botsuana, em 1989 - Frans Lanting/Frans Lanting Photography

Maria Sanz Martins

Já falei e publiquei textos dessa moça do Espírito Santo, que mora na Austrália e faz fotos, escreve sobre moda, artes em geral e, volta e meia, pública no seu Blog, textos que encantam pela sutileza e beleza de pensamentos.
Acabei de copiar e colar aqui, para que os meus amigos e leitores possam saborear.
Agora Mesmo
– Você tá dormindo?
Não, tô acordado.
Acho que eu tô com medo do escuro.
Você tem medo de escuro? Tsc, me abraça, fecha os olhos.
Mas é desse escuro que eu tô falando. Desse que mora dentro de mim.
Então vem cá, deita no meu peito, fala pra mim desse medo. 
– Tô com saudade de agora mesmo.
Não queria que esse nosso agora fosse embora. Mas, daqui um segundo o presente vai envelhecer. Vai morar no reino do passado, onde todos os seixos já foram rolados.
E esse escuro, o desse quarto e o dos meus olhos cerrados, que deixa o barulho do tempo destilado insuportável!
Pior, inevitável.
É isso, droga! Não há cura contra o tempo. Nada no mundo pode prender o agora.
Existe é claro, o trunfo da memória. Obstinada e heróica, vai fazer de tudo para aprisionar o gosto do beijo e o brilho do relâmpago que explodiu quando te vi naquela hora. Vai lutar com todas as forças para se agarrar ao cheiro da pele e à pele do peito. Vai socorrer as cores das paredes e as estampas do edredon e travesseiro. Vai tentar sustentar, ilesos, perfume, cenário e cada beijo.
Também minha gorda imaginação será coadjuvante. Ela não usa relógio, não penteia os cabelos e, quando quer, expulsa gritando a realidade do trono. Vai reescrever essa história mil e uma vezes. Vai transformar as cores, os sons e as luzes. Vai inventar sinais de fumaça, fundos musicais e rever com impaciência todas as cenas fora da seqüência.
Ainda aqui, enquanto ausculto os segundos marcados em seu peito, me sinto de partida. Mas sei que, logo mais, depois da despedida, ainda sem jeito, um tanto rouca, (quase louca), me sentirei, enfim, partida ao meio.
De antemão, metade de mim experimenta uma rasa colher de desespero.
De repente me permito o delírio de acorrentar as águas do rio (para fazer rolarem de novo os seixos); engaiolar o vendaval (para manter despenteados os cabelos); e recolher do chão cada grão de purpurina (por que é esse o brilho que eu quero da vida).
De repente considero dizer eu te amo; tocar fogo nesse quarto; acender a luz; escrever um livro; tirar um retrato. Mas é tarde. Então me perco, te aperto e sinto medo - ou uma imensa saudade de agora mesmo).
Não é nada. Bobagem. Só me abraça.
Ingênua personagem.
Ainda não sabe separar o amor do medo.
Não sabe que despir um sentimento pode ser mais difícil que ficar nua em pêlo.
Não sabe que palavras quando não bastam, atrapalham.
E não sabendo, enfim, o que fazer com o fôlego do sentimento, não encontrou melhor desfecho: fechou os olhos e disse boa noite num beijo.
*Na manhã seguinte, no saguão do aeroporto, entregou-lhe um bilhete, que estava entre uma confissão e um segredo, e começava com a estranha frase “ai, que saudade de agora mesmo”.

Carlos DRUMOND de Andrade

AMOR
1985 - Amar se aprende amando

O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.

Botafogo Futebol Clube

Outro dia, postei uma foto do campo do Comercial F.C. em dia de jogo, onde podia se ver que, a grande maioria dos homens, vestiam ternos. Hoje, estou postando essa foto do chulé, do dia 23 de outubro de 1938, quando aconteceu o jogo entre o Botafogo F.C., de Ribeirão Preto, e o São Paulo F.C. da capital.
Tentei localizar o resultado do jogo na internet, mas não consegui. Se alguém souber, por favor nos informe.

domingo, 18 de abril de 2010

Cava do Bosque

A Cava do Bosque é um quadra poliesportiva, inaugurada em 13 de outubro de 1952, em Ribeirão Preto. Essa foto não tem data.

sábado, 17 de abril de 2010

Aves Brasileiras - Fotos Premiadas

Cardeal-do-banhado, Amblyramphus holosericeus, Prêmio Especial "Vox Populi"MaisItaú BBA/Carlos A. Schwertner (RS)
Crejoá, Cotinga maculata, Menção Honrosa Categoria "Melhor Registro"MaisItaú BBA/Gustavo Rodrigues Magnago (ES)
Papa-piri, Tachuris rubrigastra, 3º Prêmio Categoria "Melhor Registro"MaisItaú BBA/Paulo Ricardo Fenalti (RS)
Saíra-lagarta, Tangara desmaresti, Menção Honrosa Categoria "Melhor Fotografia"MaisItaú BBA/Franciscus Van Der Kallen (SP)
Veja todas as informações no UOL

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Arthur Rimbaud

Minha Boêmia
(Fantasia)
Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!

O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.

Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;

Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração! 
Foto de Rimbaud no início dos anos 1880, ele é o segundo da direita para a esquerda
Dois livreiros parisienses descobriram uma foto de Arthur Rimbaud em idade adulta, imagem esta que dá um novo rosto ao poeta francês, que parou de escrever aos 20 anos para viver aventuras em terras distantes.
A foto, que data do início dos anos 1880, é a única com boa qualidade de Rimbaud adulto.
Ela mostra o autor de "Bateau ivre" (O Barco Ébrio) e "Illuminations" (Iluminuras) sentado em meio a um grupo de sete pessoas no terraço do Hotel Universo de Áden, no Iêmen. Faz parte de uma coleção com trinta outras, feitas também em Áden, e que foram descobertas durante uma feira, há dois anos, pelos livreiros, Jacques Desse e Alban Caussé.
Para autenticar a fotografia, apresentada nesta quinta-feira, dia 15, no Salão de Livros Antigos em Paris, foi convocado o especialista em Rimbaud e autor do livro "Sur Arthur Rimbaud, Correspondance Posthume 1891-1900" (Sobre Arthur Rimbaud, Correspondência Póstuma 1891 - 1900, em tradução livre), Jean-Jacques Lefrère.  
Poeta precoce
Rimbaud, nascido em 1854, foi um poeta genial e precoce em sua adolescência, tendo sido chamado de o transgressor mais adorado; mas parou de escrever com apenas 20 anos. Em seguida, levou uma vida de aventureiro na África e Arábia, morrendo em Marselha, sul da França.
O processo de autentificação incluiu inúmeras pesquisas sobre a paisagem da foto e a vida de Rimbaud no Iêmen e na Etiópia, onde ele chegou em 1880 e trabalhou como comerciante de marfim, café, peles e ouro.
Rimbaud morreu depois de ter o joelho amputado, por causa de um tumor. 

Mais um Postal com Chico Buarque

Mais um cartão de abrir, de uma coleção de 12 anos atrás. Acima você vê a capa do cartão fechado. Abaixo, o cartão aberto.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Foto é Luz

Essa foto é mais uma que circula na net sem autor. Se alguém souber, por favor, informe. Publico porque acho uma beleza e deve ser compartilhada.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Chico Buarque

Acima, a capa do cartão fechado. Ao abrir...
A arte é minha.

Goethe

Só quem conhece a saudade
conhece o meu sofrimento !
No amargor da soledade,
eu fico a todo momento
olhando com olhar triste
o caminho que seguiste.

E penso: aquela que me ama
vagueia distante agora!...
E estranha candente chama
as entranhas me devora.
Só quem conhece a saudade
conhece a minha ansiedade.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Marlene Dietrich

Cena do filme Expresso de Shanghai
(Shanghai Express, 1932), de Josef von Sternberg. O filme que transformou Marlene em mito sexual hollywoodiano conta a história de Shanghai Lily (Marlene Dietrich), uma elegante mulher que atravessa o Oriente a bordo de um trem com uma antiga paixão, o capitão Donald Harvey. O figurino é luxuoso e brilhante.